domingo, 30 de junho de 2024

As Tentações do Mal


    São Paulo recomenda que São Timóteo se aparte de toda futilidade e crendices, pois dissimuladamente atentam contra a Sã Doutrina e a religiosidade cristã: "Empenha-te em apresentar-te diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da Palavra da Verdade. Procura esquivar-te das frívolas conversas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena. Quem, portanto, se conservar puro e isento dessas doutrinas, será um nobre, santificado e frutuoso utensílio ao Seu Possuidor, preparado para todo benéfico uso." 2 Tm 2,15-17a.21

    Instantemente pede-lhe total afastamento de mundanos assuntos: "Nenhum soldado pode implicar-se em negócios da vida civil, se quer agradar Àquele que o alistou." 2 Tm 2,4

    A todos convida a atualizar o Sacrifício Pascal, que cultuamos na Santa Missa, e assim resistamos ao pecado: "Eu exorto-vos, pois, irmãos, pelas Misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em vivo, santo e agradável sacrifício a Deus: é este vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada e o que é perfeito." Rm 12,1-2

    Reconhece, desta forma, que subsistem a dificuldade e o sofrimento dos que testemunham Jesus: "Chegamos a ser como que o lixo do mundo, a escória de todos até agora..." 1 Cor 4,13

    Mas a vitória não será tirada dos que persistem. O Espírito de Deus e Sua Graça não nos abandonam: "A razão de nossa glória é esta: o testemunho de nossa consciência de que, no mundo e particularmente entre vós, temos agido com santidade e sinceridade diante de Deus, não conforme o espírito de sabedoria do mundo, mas com o socorro da Graça de Deus." 2 Cor 1,12

    Melhor sofrermos por combater o Mal, portanto, que por cair na sedução de seus enganos: "De fato, a tristeza segundo Deus produz um salutar arrependimento do qual ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte." 2 Cor 7,10

    Na verdade, devemos mesmo ter compaixão dos que continuam na ilusão, pois "Assim também nós, quando menores, estávamos escravizados pelos rudimentos do mundo." Gl 4,3

    Bem como devemos estar prontos para resistir: "Estai de sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados nas humanas tradições, nos rudimentos do mundo, em vez de apoiar-se em Cristo." Cl 2,8

    Para tanto, ele recomenda que sempre estejamos na Igreja, como disse a São Timóteo: "Foge das paixões da mocidade, com empenho busca a justiça, a , a caridade e a Paz junto àqueles que invocam o Senhor com pureza de coração. Rejeita as tolas e absurdas discussões, visto que geram contendas. Não convém a um servo do Senhor altercar. Bem ao contrário, seja ele condescendente com todos, capaz de ensinar, paciente em suportar os males. É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do Demônio, que a seus caprichos os mantém cativos e submetidos." 2 Tm 2,22-26

    E alerta: "Não vos deixeis enganar: más companhias corrompem bons costumes. Despertai, como convém, e não pequeis! Porque alguns vivem na total ignorância de Deus. Para vossa vergonha, digo-o." 1 Cor 15,33-34

sábado, 29 de junho de 2024

São Pedro

 

    São Mateus, o mais judeu e conservador dos Apóstolos, da tribo que trouxera no sangue a tradição de sacerdotes e da indicação do sumo sacerdote, a dos levitas, ao mencionar a lista dos Apóstolos não hesita em declarar que São Pedro era o primeiro: "Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,2-4

    Nosso Santo foi o único Apóstolo a quem Jesus atribuiu um novo nome, uma tradição iniciada por Deus para com Abrão, a quem deu o nome de Abraão, passou por Jacó, que se tornou Israel, perpetuou-se entre os rabinos e inclui o próprio São Paulo, que antes de converter-se se chamava Saulo. E, vale notar, o novo nome de São Pedro, segundo São João Evangelista, privilegiada testemunha ocular, foi dado já no primeiro encontro com Jesus, dois dias após o Batismo do Senhor por São João Batista, quando Ele lhe disse: "Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)." Jo 1,42

    Além do nome de seu pai, por especial deferência mencionado por Jesus, sabemos que ele era um fiel cumpridor das Sagradas Escrituras, como vemos em sua declaração sobre a estrita alimentação dos judeus, dada durante a visão que teve em Jope, pouco antes do 'Pentecostes dos Gentios': "De nenhum modo, Senhor, pois em minha boca nunca entrou coisa profana ou impura." At 11,8

    Ele também era sempre o primeiro do pequeno grupo mais próximo de Nosso Salvador, que se compunha com São Tiago Maior e São João Evangelista. Foi assim na Transfiguração, no último dia 'útil' da semana em que declarou Jesus como o Messias. São Pedro já não dependia de um milagre, de um testemunho ou das Escrituras para atestá-lo, pois ele mesmo O tinha visto: "Seis dias depois, Jesus tomou Consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias, conversando com Ele." Mt 17,1-3

    De tamanha intimidade com Jesus, dos Apóstolos é São Pedro, e só ele, que vai tentar andar sobre as águas: "Pedro tomou a palavra e falou: 'Senhor, se és Tu, manda-me ir sobre as águas até junto a Ti!' Ele disse-lhe: 'Vem!' Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus." Mt 14,28-29

    Realmente inspirado por Deus Pai, São Pedro foi o primeiro a afirmar com plena convicção Quem era Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Mt 16,16

    Inspiração, aliás, que o próprio Jesus confirmou: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está nos Céus." Mt 16,17

    Como portador de divinas revelações, São Pedro ouviu de Jesus a declaração de sua Primazia como pedra fundamental da Igreja, que o próprio Cristo constrói e lhe garante a vitória contra o Maligno: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18

    Não por acaso, ele foi o único Apóstolo a receber de Jesus as Chaves dos Céus, ou seja, a inspiração para nas Escrituras reconhecer as palavras-chaves que indicam a verdadeira vontade de Deus: "Eu dá-te-ei as Chaves do Reino dos Céus..." Mt 16,19a

    Ora, o poder dado por Jesus a São Pedro aqui na terra, para decidir a respeito de assuntos de Doutrina e de Comunhão, era total: "... tudo que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos Céus." Mt 16,19b

    E a clara prova de sua vital importância para a Igreja é que Jesus, prevendo as tentações do inimigo aos Apóstolos, e assim à Igreja, optou por reforçar a de São Pedro: 'Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para peneirar-vos como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que tua confiança não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma teus irmãos.'" Lc 22,32

São Paulo Apóstolo

 

    Um radical e religioso jovem ajudou na execução de Santo Estevão, segurando os mantos daqueles que o apedrejavam. Seu nome era Saulo. Tinha assistido ao belíssimo e contundente sermão, no qual este Santo diácono responsabilizava o Sinédrio pela Crucificação de Jesus, mas não lhe deu razão e acabou concordando com sua brutal punição. Na verdade, já havia algum tempo que ele alimentava raiva contra os cristãos, e pouco mais tarde, usando da influência de seu grupo religioso, vai encampar uma verdadeira guerra aos seguidores de Cristo: "... devastava a Igreja. Entrando pelas casas, arrastava para fora homens e mulheres e entregava-os à prisão." At 8,3

    Tamanho era seu ódio, que São Lucas vai dizer dele: "... só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor." At 9,1

    Ele mesmo confessou-o perante o rei Agripa quando foi preso, antes de ser levado a Roma: "Que pensais vós? É incrível coisa que Deus ressuscite os mortos? Também eu acreditei que devia fazer a maior oposição ao Nome de Jesus de Nazaré. Assim procedi, de fato, em Jerusalém e tinha encerrado muitos irmãos em cárceres, havendo recebido poder dos sumos sacerdotes para isso. Quando os sentenciavam à morte, eu dava minha plena aprovação. Muitas vezes, perseguindo-os por todas sinagogas, eu maltratava-os para obrigá-los a blasfemar. Enfurecendo-me mais e mais contra eles, eu perseguia-os até no estrangeiro." At 26,8-11

    Numa viagem que fazia para capturar discípulos, porém, ouviu uma voz que o acusava de estar perseguindo não a Igreja, mas o próprio Jesus: "... estando já perto de Damasco, subitamente cercou-o uma resplandecente Luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: 'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.'" At 9,3-5.6b

    De perseguidor, então, passou a ser perseguido, pois pregando com poder demonstrava que Jesus era o Cristo, o que despertou a ira dos judeus. E foi jurado de morte ainda na cidade de Damasco: "Decorridos alguns dias, os judeus deliberaram, em conselho, matá-lo. Estas intenções chegaram ao conhecimento de Saulo. Eles guardavam dia e noite as portas da cidade, para matá-lo. Mas os discípulos, tomando-o de noite, fizeram-no descer pela muralha da cidade dentro de um cesto." At 9,23-25

    Segundo o próprio São Paulo, em Jerusalém Jesus apareceu-lhe outra vez, dizendo que permanecia a resistência por parte dos cristãos e indicando o campo de missão que o faria o 'Apóstolo dos Gentios': "Voltei para Jerusalém e, orando no Templo, fui arrebatado em êxtase. E vi Jesus, que me dizia: 'Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão teu testemunho a Meu respeito.' Eu repliquei: 'Senhor, eles sabem que eu encarcerava e açoitava com varas nas sinagogas aqueles que creem em Ti. E quando se derramou o sangue de Estêvão, Tua testemunha, eu estava presente, consentia nisso e guardava os mantos dos que o matavam.' Mas Ele respondeu-me: 'Vai, porque Eu te enviarei para longe, às nações...'" At 22,17-21

    E com grande poder de argumentação, ele saiu visitando cidades e convertendo multidões. No Chipre, também tendo a companhia de São Marcos Evangelista, Paulo, como começava a ser conhecido, amaldiçoou um mago e falso profeta judeu que iludia o procônsul: "Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, cravou nele os olhos e disse-lhe: 'Filho do Demônio, cheio de todo engano e de toda astúcia, inimigo de toda justiça! Não cessas de perverter os retos caminhos do Senhor! Eis que agora está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego. Não verás o sol até nova ordem!' Logo caíram sobre ele a escuridão e as trevas, e, andando em voltas, buscava quem lhe desse a mão." At 13,9-11

sexta-feira, 28 de junho de 2024

O Poder do Evangelho


    São Paulo explicou o que representou sua passagem entre os tessalonicenses: "Nosso Evangelho foi-vos pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção. Sabeis o que entre vós temos sido para vossa Salvação." 1 Ts 1,5

    Também aos coríntios: "Minha palavra e minha pregação longe estavam da persuasiva eloquência da Sabedoria. Antes, eram uma demonstração do Espírito e do divino poder, para que vossa não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus." 1 Cor 2,4-5

    E dizia-lhes: "Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as Graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime coisas espirituais em termos espirituais." 1 Cor 2,12-13

    Por isso, exultava com o poder do Santo Paráclito em oposição ao Antigo Testamento: "Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o Ministério do Espírito?" 2 Cor 3,7-8

    São Pedro também diz: "... revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu. Revelações estas, que os próprios anjos desejam contemplar." 1 Pd 1,12

    Segundo o Apóstolo dos Gentios, nele está o Cristo em Sua plenitude, só oculto "... para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a Luz do Evangelho, onde resplandece a Glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Cor 4,4

    Ele é a fonte de fé: "Porque nele (Evangelho) se revela a justiça de Deus, que se obtém pela fé e conduz à fé..." Rm 1,17a

    É a própria fonte da esperança: "... em vista da esperança que vos está reservada nos Céus. Esperança que vos foi transmitida pela pregação da Verdade do Evangelho... Para isto, é necessário que permaneçais fundados e firmes na fé, inabaláveis na esperança do Evangelho que ouvistes..." Cl 1,5.23

    É também o poder que transforma Sacerdotes em pais, geradores de filhos de Deus ainda nas palavras do Último Apóstolo : "... fui eu que vos gerei em Cristo Jesus, pelo Evangelho." 1 Cor 4,15

    E para concluir com chave de ouro, ele ensina que a Boa Nova é o instrumento do Salvador para levar-nos à eternidade: "... Jesus Cristo, que destruiu a morte e suscitou a Vida e a imortalidade pelo Evangelho..." 2 Tm 1,10

    Por isso, coberto de motivos, ele cobrava fidelidade aos gálatas: "Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para um diferente evangelho. De fato, não há dois evangelhos: há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós, e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do Céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja anátema!" Gl 1,6-8

quinta-feira, 27 de junho de 2024

A Obra do Espírito Santo

    Jesus bem descreveu a missão de Seu Espírito, que Se manifestaria logo após Sua Ascensão: "Ele convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim. Ele convencê-lo-á a respeito da justiça, porque Eu Me vou para junto de Meu Pai e vós já não Me vereis. E convencê-lo-á a respeito do Juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado." Jo 16,9-11

    Por isso, derramou-O sobre os Apóstolos, que são os fundamentos da Igreja, para que ela nos conceda, mediante o Sacramento da Confissão, a remissão dos pecados: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,22-23

    Ora, é o Santo Paráclito que arremata a Revelação, como o próprio Jesus avisou aos Apóstolos: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, Ele ensiná-vos-á toda a Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,12-13

    É Ele, pois, que para sempre caminha com a Igreja, confortando-nos no bom combate da , tal qual Nosso Salvador prometeu: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Consolador, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    Assim, para um perfeito entendimento da Comunhão da Santíssima Trindade, Deus Pai confirma-nos pela Palavra de Seu Filho e marca-nos pelo fogo de Seu Espírito, o Qual é o selo, a garantia de nossa Salvação. São Paulo ensina: "Ora, Quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele marcou-nos com Seu selo e a nossos corações deu o penhor do Espírito." 2 Cor 21-22

    De fato, São João Evangelista diz da Comunhão dos Santos: "É nisto que reconhecemos que Ele (Deus) permanece em nós: pelo Espírito que nos deu." 1 Jo 3,24b

    E o Último Apóstolo comemora a ação do Divino Paráclito iniciada no Pentecostes: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne a fim de que a justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós que vivemos não segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rm 8,2-4

    Mas também adverte: "Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele." Rm 8,9b

    É necessário, pois, através da unidade promovida na Igreja pela Santíssima Trindade, que, conforme os seguidores da tradição de São Paulo, clamemos ao "... Espírito Santo, Autor da Graça!" Hb 10,29

    O próprio São Paulo expressamente recomenda o uso da oração: "Intensificai vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no Qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos cristãos." Ef 6.18

    Pois é no Santo Paráclito que temos a Comunhão com Deus, como ele diz: "... e a Comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!" 2 Cor 13,13

quarta-feira, 26 de junho de 2024

A Lógica Inversa de Jesus

 

    Para Jesus, os valores deste mundo estão em oposição à vontade de Deus. Sobre Seu acolhimento por estrangeiros e rejeição pelos judeus, por exemplo, Ele sentencia: "Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos." Mt 20,16

    A Igreja, pois, tem como verdadeira autoridade não o poder, mas serviço, como Ele determinou: "Os reis dos pagãos dominam como senhores, e aqueles que sobre eles exercem autoridade chamam-se benfeitores. Que não seja assim entre vós, mas o que é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como o servo." Lc 22,25-26

    Ele denunciava o legalismo praticado pelos judeus: "O sábado foi feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado." Mc 2,27

    A vaidade, então, é flagrantemente destituída pela humildade, que se recorre da Confissão e da penitência. Ele explicou: "Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores." Mc 2,17

    Também tratou dos mundanos cuidados, que atentam contra a , a esperança e o amor: "Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la. Mas quem perde sua vida por causa de Mim, vai encontrá-la." Mt 16,25

    E exaltou os desígnios de Deus, quando atestou a vitória dos Apóstolos sobre os maus espíritos: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: 'Pai, Senhor do Céu e da terra, Eu dou-Te graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-Te porque assim foi de Teu agrado.'" Lc 10,21

    Para exemplificar os cuidados de Deus para com os mais fracos, o Divino Mestre deixou-nos uma belíssima imagem do amor do Pai e de Sua Misericórdia, onde as coisas também parecem às avessas: "E Eu declaro-lhes: assim, haverá no Céu mais alegria por um só pecador que se converte, que por noventa e nove justos que não precisam de conversão." Lc 15,7

    Com efeito, toda comunidade de  deve dar-se conta que ainda há muito que aprender, pois, quando bem observamos, coisas essenciais são frequentemente deixadas de lado. Cabe crescermos no sincero amor para percebê-las, ao invés de rejeitá-las, porque foi exatamente isso o que aconteceu em Israel durante a Vinda do Cristo: "Então Jesus disse a eles: 'Vós nunca lestes na Escritura: A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante. Isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos'?" Mt 21,42

    Ainda que um tanto enigmático, Ele não deixava de falar sobre as espirituais recompensas que nos revigoram ainda nessa vida. Referindo-se à inspiração do Espírito Santo e à fé, tão importantes para enfrentar as desilusões, Ele asseverou: "Pois a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância. Mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem." Mt 13,12

    São Paulo bem percebeu: "O que é estulto no mundo, Deus escolheu para confundir os sábios. E o que é fraco no mundo, Deus escolheu para confundir os fortes. E o que é vil e desprezível no mundo, Deus escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são." 1 Cor 1,27-28

terça-feira, 25 de junho de 2024

Nosso Mais Precioso Bem

    Há muito tempo que as Escrituras já se referem à alma como o que o ser humano tem de mais sagrado. Disse o Eclesiástico: "Teme a Deus com toda tua alma, tem um profundo respeito pelos Seus sacerdotes." Eclo 7,31

    E o salmista invocava nada menos que sua alma para louvar a Deus: "Aleluia! Louva, ó minha alma, o Senhor!" Sl 145,1

    A Santíssima Virgem, durante a Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém, assim ouviu do religioso Simeão que ela estaria intrinsecamente envolvida no projeto da Salvação: "... e a ti, uma espada traspassará tua alma!" Lc 2,35

    A Salvação, portanto, estejamos aqui na terra ou no Purgatório, especificamente diz respeito a nossas almas. Ora, num caso de pecaminoso comportamento, São Paulo, confiante no perdão que é concedido do 'vindouro século', chegou a dizer: "... seja esse homem entregue a Satanás para mortificação de seu corpo, a fim de que sua alma seja salva no Dia do Senhor Jesus." 1 Cor 5,5

    Reveladoramente, São João Evangelista viu as almas dos Santos no Céu. Eles já estão reinando com Cristo, pois passaram pela Primeira Ressurreição, ou seja, suas almas foram direto ao Céu sem passar pelo Purgatório: "Também vi tronos, sobre os quais se assentaram aqueles que receberam o poder de julgar: eram as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e todos aqueles que não tinham adorado a Fera nem sua imagem, que não tinham recebido seu sinal na fronte nem nas mãos. Eles viveram uma Nova Vida e com Cristo reinaram por mil anos. Os outros mortos não tornaram à vida até que se completassem os mil anos. Esta é a Primeira Ressurreição. Feliz e Santo é aquele que toma parte na Primeira Ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,4-6

    Por isso, São Pedro exorta: "Assim também aqueles, que sofrem segundo a vontade de Deus, encomendem suas almas ao Fiel Criador, praticando o bem." I Pd 4,19

    Com efeito, Nosso Salvador afirmou Sua Missão: "O Filho do Homem não veio para condenar as almas, mas para salvá-las." Lc 9,56

    Pois a Salvação vem pela verdadeira observância da Palavra de Deus, e, mais uma vez dizem as Escrituras, para as almas. São Tiago Menor prega: "Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia, e com mansidão recebei a Palavra em vós semeada, que pode salvar vossas almas." Tg 1,21

    Ora, ressaltando a vitalidade de Seus Mandamentos, Deus havia prometido através do Profeta Isaías: "Prestai-Me atenção, e vinde a Mim. Escutai, e vossa alma viverá..." Is 55,3

    E o livro da Sabedoria, discorrendo sobre a morte, assegura: "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente, estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é julgado como uma desgraça e sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na Paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade. E por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, achou-os dignos de Si." Sb 3,1-5

segunda-feira, 24 de junho de 2024

São João Batista

 

    Hoje se comemora o nascimento de São João Batista. Zacarias e sua mulher Isabel, seus pais, eram justos, mas não tinham filhos porque ela era infértil: "Ambos eram justos diante de Deus e irrepreensivelmente observavam todos Mandamentos e preceitos do Senhor. Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de avançada idade." Lc 1,6-7

    E quando o Arcanjo São Gabriel apareceu a Zacarias no Templo, deixou-o assustado: "Mas o anjo disse-lhe: 'Não temas, Zacarias, porque tua oração foi ouvida: Isabel, tua mulher, dá-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com seu nascimento. Porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo. Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, Seu Deus, e irá adiante de Deus com o Espírito e poder de Elias, para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à Sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto." Lc 1,13-17

    Ainda em seu sexto mês de gestação, Santa Isabel recebeu a visita de Nossa Senhora, sua parenta, que, embora apenas engravidara de Jesus, foi ajudá-la. Esse episódio já mostrava o quanto a presença e a voz de Maria eram especiais: traziam em si o Espírito de Deus. E assim se cumpriu a unção de São João Batista, anunciado por São Gabriel Arcanjo (Lc 1,15): "Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se às pressas a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo." Lc 1,39-41

    E quando ele nasceu, seu pai recuperou a voz e começou a louvar a Deus, pois fora punido com mudez por não ter acreditado nas palavra de São Gabriel. Os habitantes da Judeia ficaram ainda mais admirados: "E logo se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua, e ele falou, bendizendo a Deus. O temor apoderou-se de todos seus vizinhos. O fato divulgou-se por todas montanhas da Judeia. Todos que o ouviam, conservavam-no no coração, dizendo: 'Quem será este menino?' Porque a mão do Senhor estava com ele." Lc 1,66

    Pelo registro do lugar onde ele habitaria, temos a indicação de que São João Batista era essênio: "O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel." Lc 1,80

    Suas vestes e alimentação também indicavam hábitos essênios: "João usava uma vestimenta de pelos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre." Mt 3,4

    Assim como seu desprendimento material e doutrina de partilha: "Perguntava-lhe a multidão: 'Que devemos fazer?' Ele respondia: 'Quem tem duas túnicas, dê uma ao que não tem. E quem tem o que comer, faça o mesmo.'" Lc 3,10-11

    Nosso eremita falava com Deus, como vemos nesse comentário que fez sobre Jesus: "Eu não O conhecia, mas Aquele que me mandou batizar em água disse-me: 'Sobre Quem vires descer e repousar o Espírito, este é Quem batiza no Espírito Santo.'" Jo 1,33-34

    E como podia esperar-se, ele mostrava-se absolutamente intransigente com a falta de compromisso com Deus: "Dizia, pois, ao povo que vinha para ser batizado por ele: 'Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da iminente ira? Fazei uma realmente frutuosa conversão, e não comeceis a dizer: 'Temos Abraão por pai.' Pois, digo-vos: Deus tem poder para destas pedras suscitar filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e lançada ao fogo.'" Lc 3,7-9

domingo, 23 de junho de 2024

A Missão de Jesus

     São João Batista, o Profeta do Altíssimo, assim declarou a Missão de Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Jo 1,29

    Também foi o que disse a São José seu Anjo da Guarda, ao explicar a gravidez de Nossa Senhora: "Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados." Mt 1,21

    Igualmente disse São Pedro, após a Ascensão de Jesus, quando pregava aos judeus no Templo de Jerusalém: "Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou Seu Servo, para abençoar-vos, a fim de que cada um se aparte de sua iniquidade." At 3,26

    São João Evangelista foi mais sucinto: "Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8b

    E o próprio Jesus falou: "O Filho do Homem não veio para condenar as almas, mas para salvá-las." Lc 9,56

    Ele disse do Antigo Testamento: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17

    E disse a Pilatos: "É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz." Jo 18,37

    Atestando o antigo dilema entre o poder e o amor, a matéria e o espírito, a manifestação do Cristo haveria mesmo de denunciar a cobiça e o hedonismo, e assim dividir o mundo. E isso foi previsto com absoluta precisão por Simeão, ainda na Apresentação do Menino Jesus, quando disse a Maria Santíssima: "Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35

    Para a surpresa de Nossa Senhora e São José, a Missão de Jesus começou muito cedo. Aos doze anos, ao ser encontrado no Tempo de Jerusalém interrogando os doutores da Lei, Ele vai dizer à Sua Mãe e a São José, que O procuraram por três dias: "Não sabíeis que devo estar na Casa de Meu Pai?" Lc 2,49

    Já o Príncipe dos Apóstolos deu este testemunho, falando mesmo em exorcismo: "Ele andou fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo Demônio, porque Deus estava com Ele." At 10,38b

    E no Livro do Apocalipse, o Amado Discípulo diz da Igreja, Sua principal obra, aclamando: "Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no Seu Sangue e que fez de nós um Reino de Sacerdotes para Deus e Seu Pai, Glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém." Ap 1,5b-6

    São Paulo, pois, fala em renúncia da irreligiosidade: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa de nossa feliz esperança, a Gloriosa Aparição de Nosso Grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, a fim de resgatar-nos de toda iniquidade, purificar-nos e constituir-nos Seu povo de predileção, zeloso na prática do bem." Tt 2,12-14

sábado, 22 de junho de 2024

A Fraqueza dos Fiéis

    Desde o início, São Paulo já acusava os fiéis pelos desvios da Sã Doutrina, pela falta de compromisso com os Apóstolos e por facilmente abraçarem as 'novidades' que apareciam. Ele escreveu aos coríntios: "Porque quando aparece alguém pregando-vos outro Jesus, diferente daquele que vos temos pregado, ou se trata de receber outro espírito, diferente dO que haveis recebido, ou outro evangelho, diverso do que haveis abraçado, de boa mente aceitai-o." 2 Cor 11,4

    E por tal impostura igualmente cobrou dos gálatas, quando se mostrou irredutível: "Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para um diferente evangelho. De fato, não há dois evangelhos: apenas há pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém, nós ou um anjo baixado do Céu, vos anunciasse um diferente evangelho do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar diferente doutrina da que recebestes, seja ele excomungado!" Gl 1,6-9

    Ele rebate meras ingenuidades e frivolidades, afirma a hierarquia da Igreja e exorta à caridade espiritual como dom maior para a edificação da Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo: "A uns Ele (Jesus) constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade, da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus enganadores artifícios. Mas, pela sincera prática da caridade, cresçamos em todos sentidos n'Aquele que é a Cabeça, Cristo." Ef 4,11-15

    Ao aproximar-se de seu martírio, sabendo que o rebanho ficaria mais vulnerável, ele ainda advertiu que muitas pessoas, por mera falsidade ou desvairada insensatez, escolheriam mestres que fossem tolerantes com seus pecados: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, para si ajustarão mestres. Apartarão os ouvidos da Verdade e atirar-se-ão às fábulas." 2 Tm 4,3-4

    Atestou que suas revelações vinham do Espírito Santo, enquanto as falsas doutrinas eram obra do Maligno, que deprava consciências: "O Espírito expressamente diz que, nos vindouros tempos, alguns hão de apostatar da dando ouvidos a embusteiros espíritos e a diabólicas doutrinas, de hipócritas e impostores, marcados na própria consciência com o ferrete da infâmia..." 1 Tm 4,1-2pe

    E se a Palavra de Cristo é caluniada, especificamente por causa de tantas 'igrejas' que não se entendem, São Pedro diz que isso se dá pela má conduta de falsos mestres, cuja marca é a cobiça, bem como de seus seguidores, que pecam contra a Unidade e semeiam rebeldia e ódio entre os irmãos. Por causa deles, o Evangelho é desacreditado: "Assim como entre o povo houve falsos profetas, entre vós também haverá falsos doutores que disfarçadamente introduzirão perniciosas seitas. Eles, assim renegando o Senhor que os resgatou, sobre si atrairão repentina ruína. Muitos segui-los-ão em suas desordens e deste modo serão a causa de o Caminho da Verdade ser caluniado. Movidos por cobiça, eles hão de explorar-vos por palavras cheias de astúcia." 2 Pd 2,1-3

    Ora, o próprio Jesus predisse que ao longo dos séculos muitos seriam enganados: "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e seduzirão a muitos." Mt 24,11

sexta-feira, 21 de junho de 2024

3 Caminhos até Deus

 

    Os Apóstolos, discípulos e seguidores até subiram com Jesus a Jerusalém, mas não entenderam nem Sua morte na Cruz, nem acreditaram nos relatos de Sua Ressurreição: "Por fim, apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem nos que O tinham visto ressuscitado." Mc 16,14

    Dois discípulos partiram de Jerusalém para Emaús logo após a guarda do Sábado, e também não acreditaram nos testemunhos da Ressurreição: "Nós esperávamos que fosse Ele Quem haveria de restaurar Israel e agora, além de tudo isso, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol. E, não tendo achado Seu Corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo." Lc 24,21-23

    E São Paulo era um religioso, que a caminho de Damasco perseguia a Igreja: "Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes, e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos homens e mulheres que achasse seguindo Essa Doutrina." At 9,1-2

    Em síntese, temos:

    Indo a Jerusalém: pessoas que seguiam Jesus, 'quase' certas de que Ele era o Salvador, mas estranhavam Seus planos; que acreditavam, mas também vacilavam; que prometiam morrer com Ele, mas abandonaram-nO; que se frustraram com Sua Crucificação, mas, pelo amor que Lhe tinham, permaneceram em Jerusalém e viram a Ressurreição; e São Tomé, à parte, que após a Crucificação não permaneceu junto aos Apóstolos, e ao voltar, mesmo ouvindo os relatos da Aparição, continuou mostrando-se incrédulo; individualista e materialista, embora pronto para a total conversão. Ele exigia de Deus uma prova pessoal e recebeu a devida correção.

    Indo a Emaús: pessoas que seguiam Jesus, mas pouco dispostas a refletir apropriadamente sobre a Palavra e a vontade de Deus; que n'Ele acreditavam, mas não assumiam maior compromisso com Aquele 'Profeta'; que se frustraram com Sua Morte e fugiram com medo da perseguição dos judeus, para 'cuidar da vida'. Entretanto, como sinceramente se deixaram seduzir pela Boa Nova, e tinham dedicado muitos meses seguindo o Mestre, foram agraciados com a Aparição do Ressuscitado e reenviados como testemunhas.

    - Indo a Damasco: uma pessoa que perseguia a Igreja, por não conhecer a Deus como se deve; que tinha fervorosa devoção, mas não conhecia nem o amor do Pai, nem os Mandamentos, nem Seu agir; que desejava a morte aos cristãos, mas por reverência à Verdade cairia refém da grandeza do Crucificado; que se frustrou ao ser flagrado usando de extrema violência contra Jesus, mas, por seu zelo pelas Escrituras e porque o fazia por ignorância, mereceu ser testemunha de Sua Glória. E ao ser enviado para servi-Lo, redimiu-se de seu passado e não teve vergonha de converter-se.

    Todos eles, pois, foram corrigidos. São Pedro, enquanto representante dos Apóstolos, ouviu de Jesus: "Simão, filho de João, amas-Me mais que a estes?" Jo 21,15

    São Tomé, que dentre os Apóstolos exigia de Deus uma prova particular, ouviu: "Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos. Põe tua mão no Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de ." Jo 20,27

    Os discípulos que seguiram para Emaús, apartando-se da nascente comunidade, ouviram: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardios de coração para crerdes em tudo que anunciaram os Profetas!" Lc 24,25

    E São Paulo, presunçoso de sua fé e movido pela ira, que só pensava em aniquilar os cristãos, ouviu: "Saulo, Saulo, por que Me persegues?" At 9,4

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Jesus rezava

    São Lucas relata que, desde o início de Sua vida pública, Nosso Salvador Se apresentava rezando: "Quando todo povo ia sendo batizado, Jesus também foi. E estando Ele a orar, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em corpórea forma, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: 'Tu és Meu Filho. Hoje Eu Te gerei (Sl 2,7).'" Lc 3,21-22

    E logo que Ele foi para Cafarnaum, à casa de São Pedro, na primeira madrugada Ele acordou para rezar: "De manhã, tendo-Se levantado muito antes do amanhecer, Ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali Se pôs em oração." Mc 1,35

    Esses retiros eram uma constante: "Entretanto, espalhava-se mais e mais Sua fama e concorriam grandes multidões para ouvi-Lo e ser curadas de suas enfermidades. Mas Ele costumava retirar-Se a solitários lugares para orar." Lc 5,15-16

    Assim também foi quando escolheu os Apóstolos: "Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e aí passou toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e dentre eles escolheu Doze, que chamou de Apóstolos..." Lc 6,12-13

    E ainda no dia de Sua Transfiguração: "... Jesus tomou Consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, Seu rosto transformou-se e Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura." Lc 9,28-29

    Ou quando lhes ensinou o Pai Nosso"Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-Lhe um de Seus discípulos: 'Senhor, ensina-nos a rezar, como João também ensinou a seus discípulos.'" Lc 11,1

    Ora, momentos antes de ser identificado por São Pedro como o Messias, Jesus tinha-os afastado das multidões para que pudessem rezar: "Num dia em que Ele estava a orar a sós com os discípulos, perguntou-lhes: 'Quem diz o povo que Eu sou? E vós, quem dizeis que Eu sou?'" Lc 9,18.20

    Depois do grande milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, quando a multidão quis fazê-Lo rei, humildemente Jesus retirou-Se mais uma vez para rezar: "Logo depois, Jesus obrigou Seus discípulos a entrar na barca e a passar antes d'Ele para a outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, lá estava sozinho." Mt 14,22-23

    Para que a Igreja permanecesse inabalavelmente unida, Ele também rezou ao Pai. É a chamada Oração da Unidade, e aqui citamos quando Ele Se refere aos Apóstolos e a nós, que os seguiríamos: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que, por sua palavra, hão de crer em Mim. Para que todos sejam Um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti. Para que eles também estejam em Nós e o mundo creia que Tu Me enviaste." Jo 17,20-21

    Ensinava, ademais, que era necessário orar constantemente, sem cessar: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo." Lc 18,1

    E para aqueles que criticam as orações repetidas, Jesus mesmo rezou por três vezes, enquanto esteve no Horto das Oliveiras, a mesma oração: "Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras." Mt 26,44

quarta-feira, 19 de junho de 2024

As Mãos de Jesus

    Os Evangelhos bem demonstram o poder das mãos de Jesus, como São Lucas relata ainda no início de Sua Missão"Depois do pôr-do-sol, todos que tinham enfermos de diversas moléstias traziam-Lhos. Impondo-lhes a mão, Ele sarava-os." Lc 4,40

    No episódio da cura da sogra de São Pedro, aliás, num gesto que aparenta mera delicadeza, Ele tocou-lhe a mão: "Foi, então, Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre. Tomou-lhe a mão, e a febre deixou-a. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los." Mt 8,14-15

    Seus conterrâneos bem perceberam tal poder: "Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos O ouviam e, tomados de admiração, diziam: 'De onde Lhe vem isso? Que Sabedoria é essa que Lhe foi dada, e como por Suas mãos se operam tão grandes milagres?'" Mc 6,2

    Contudo, não O reconheciam como Mestre, e até escandalizaram-se d'Ele. Apesar de Seus inegáveis carisma e poder, Jesus seria apenas um simples carpinteiro para eles. Não entendiam como tão subitamente poderia ter tantos discípulos e estar ensinando. Suas mãos, no entanto, seguiam operando Graças: "Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos." Mc 6,5

    Mas até Seus adversários já estavam atentos a esse sinal: "Falava Ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante d'Ele e disse-Lhe: 'Senhor, minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.'" Mt 9,18

    Não realizava apenas milagres, mas também exorcismos: "Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e absolutamente não podia erguer-se. Ao vê-la, Jesus chamou-a e disse-lhe: 'Estás livre da tua doença.' Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela endireitou-se, glorificando a Deus." Lc 13,11.14

    E também usou as mãos para desfazer preconceito, para tocar um 'intocável' de então: "Eis que um leproso se aproximou e se prostrou diante d'Ele, dizendo: 'Senhor, se queres, podes curar-me.' Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: 'Eu quero, sê curado.' No mesmo instante, a lepra desapareceu." Mt 8,2-3

    Numa ocasião, os Apóstolos tentaram preservá-Lo do contato com crianças do povo, mas Jesus mesmo pediu por elas: "Foram-Lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e por elas orasse. Os discípulos, porém, afastavam-nas. Disse-lhes Jesus: 'Deixai vir a Mim estas criancinhas, e não as impeçais, porque o Reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham.' E, depois de impor-lhes as mãos, continuou Seu caminho." Mt 19,13-15

    E assim prometeu Sua proteção aos fiéis: "Dou Minha Vida pelas Minhas ovelhas. Dou-lhes a Vida Eterna. Elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de Minha mão." Jo 10,15b.28

    A Igreja, enfim, representada pelas dioceses de então, está sob Seu total controle, como Ele disse a São João Evangelista: "Eis o simbolismo das sete estrelas que viste na Minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros, as sete igrejas.'" Ap 1,20