segunda-feira, 7 de abril de 2025

Cristo, o Templo de Jerusalém e a Igreja

    A relação entre Cristo, o Tabernáculo, o Templo de Jerusalém e a Santa Igreja Católica em muito excede nosso entendimento. Sem dúvida, as Tábuas da Lei, as Escrituras e sobremaneira o Evangelho compõem um único e especialíssimo patrimônio: é a Revelação, a Palavra de Deus, a ser transmitida (cf. Sl 77,5). Mas, enquanto tal, também é o próprio Verbo Encarnado (cf. Jo 1,14), isto é, Nosso Senhor Jesus Cristo! No Evangelho segundo São João, Ele disse: "'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-Lo-ei em três dias.' Os judeus replicaram: 'Em quarenta e seis anos foi edificado este Templo, e Tu hás de levantá-lo em três dias?!' Mas Ele falava do Templo de Seu Corpo." Jo 2,19b-21

    Porém, no Evangelho segundo São Mateus, também deixou evidente que é maior que ele: "Não lestes na Lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no Templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, Eu declaro-vos que aqui está Quem é maior que o Templo." Mt 12,5-6

    E a Carta de São Paulo aos Efésios vai dizer sobre Sua Igreja: "... Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela Água do Batismo com a Palavra, para a Si mesmo apresentá-la toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito, mas santa e irrepreensível. Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja." Ef 5,25-27.32

    Diz mais: "É n'Ele (Cristo) que todo o edifício, harmonicamente disposto, levanta-se até formar um Templo Santo no Senhor. É n'Ele que conjuntamente vós também entrais, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus." Ef 2,21-22

    Pois a Igreja é o próprio Corpo Místico de Cristo, como São Paulo diz: "... Cristo é o Chefe da Igreja, Seu Corpo, da qual Ele é o Salvador." Ef 5,23b

    Ele afirma a plenitude da Igreja, dizendo que o Pai: "... sujeitou a Seus pés todas coisas, e constituiu-O Chefe Supremo da Igreja, que é Seu Corpo, o receptáculo d'Aquele que todas coisas preenche sob todos aspectos." Ef 1,22-23

    Ora, Deus mesmo havia prometido ainda no Livro de Levítico: "Porei Meu Tabernáculo no meio de vós, e Minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei Vosso Deus e vós sereis Meu povo." Lv 26,11-12

    Desde a História do Patriarcas, pois, Ele havia sinalizado para essa habitação, o que se deu inicialmente em Betel, uma cidade da antiga Samaria. É do Livro de Gênesis: "Despertando de seu sono, Jacó exclamou: 'Em verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia!' E cheio de pavor, ajuntou: 'Quão terrível é este lugar! É nada menos que a Casa de Deus. Aqui é a Porta do Céu.'" Gn 28,16-17

    A Tenda, pois, que guardava a Arca da Aliança, era onde Deus Se manifestava, conforme o Livro de Êxodo: "Moisés foi levantar a Tenda a alguma distância fora do acampamento. E chamou-a Tenda de Reunião. Quem queria consultar o Senhor, dirigia-se à Tenda de Reunião, fora do acampamento. O Senhor entretinha-Se face a face com Moisés, como um homem fala com seu amigo." Êx 33,7.11a

    E o Primeiro Livro de Crônicas diz que foi de Davi a ideia de edificar um Templo ao Senhor, após se estabelecer em Jerusalém: "Quando Davi se instalou em sua casa, disse ao Profeta Natã: 'Eis que moro numa casa de cedro e a Arca da Aliança do Senhor está debaixo de uma Tenda.'" 1 Cro 17,1

    Veio então o tempo em que Salomão, um dos filhos de Davi, pôde realizar tal projeto, como o Primeiro Livro de Reis traz: "No ano quatrocentos e oitenta depois da saída dos filhos de Israel do Egito, Salomão, no quarto ano de seu reinado, no mês de Ziv, que é o segundo mês, empreendeu a construção do Templo do Senhor." 1 Rs 6,1

    Mas foi em Jesus, não em Salomão, que se realizou o Reino Eterno, como foi dito através do Profeta Natã: "É Ele que Me construirá uma Casa e para sempre firmarei Seu Trono. Serei para Ele um Pai, e Ele será para Mim um Filho." 1 Cro 17,12-13a

    Na Jerusalém Celestial, porém, não mais haverá Templo, pois sua transfiguração, ou a da Igreja, na própria Pessoa de Deus já se terá completado. Diz São João Evangelista: "Nela não vi, porém, templo algum, porque o Senhor Deus Dominador é Seu Templo, assim como o Cordeiro." Ap 21,22

domingo, 6 de abril de 2025

Deus busca Salvar a Todos

    O Livro de Salmos canta a universalidade do amor de Deus: "O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e Sua Misericórdia estende-se a todas Suas obras." Sl 144,8-9

    E o sagrado autor do Livro de Sabedoria observou: "Porque se os inimigos de Vossos filhos, dignos de morte, Vós os haveis castigado com tanta prudência e longanimidade, dando-lhes tempo e ocasião para emendarem-se, com quanto cuidado não julgareis Vós Vossos filhos, a cujos antepassados concedestes com juramento Vossa Aliança, repleta de ricas promessas?" Sb 12,20-21

    De fato, no Livro de Jó, enquanto ele se deixava levar pelo desespero, um amigo tratou de alertá-lo: "Pois Deus fala de uma maneira e de outra e não prestas atenção. Por meio de sonhos, de noturnas visões, quando um profundo sono pesa sobre os homens, enquanto estão adormecidos em seus leitos, então lhes abre os ouvidos e os assusta com Suas aparições, a fim de desviá-los do pecado e de preservá-los do orgulho, para salvar-lhes a alma do fosso, e suas vidas, da mortífera flecha." Jó 33,14-18

    Sem dúvida, Deus mesmo falou no Livro do Profeta Ezequiel: "'Terei Eu prazer com a morte do malvado?' Oráculo do Senhor Javé. 'Antes não desejo Eu que ele mude de proceder e viva?'" Ez 18,23

    Por isso, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo exorta: "Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos homens... Isto é bom e agradável diante de Deus, Nosso Salvador, o Qual deseja que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade." 1 Tm 2,1.3-4

    Ele pregou aos gregos em Atenas, no Areópago, como o Livro de Atos dos Apóstolos apontou: "Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, agora convida a todos homens, de todos lugares, a arrependerem-se. Porquanto fixou o Dia em que há de julgar o mundo com justiça, pelo Ministério de um Homem que para isso destinou. A todos deu como garantia disso o fato de tê-Lo ressuscitado dentre os mortos." At 17,30-31

    Pois assim ele justifica a esperança, ressaltando a importância da Graça dada pela unção da Santa Igreja Católica: "Eis uma verdade absolutamente certa e digna de : se nos afadigamos e sofremos ultrajes, é porque pusemos nossa esperança em Deus Vivo, que é o Salvador de todos homens, sobretudo dos fiéis." 1 Tm 4,9-10

    Em admoestações, portanto, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios pedia absoluto comedimento: "Não vos torneis causa de escândalo, nem para os judeus, nem para os gentios, nem para a Igreja de Deus. Fazei como eu: em todas circunstâncias procuro agradar a todos. Não busco meus próprios interesses, mas os interesses dos outros, para que todos sejam salvos." 1 Cor 10,32-33

    O próprio Jesus, para melhor explicar os procedimentos do Pai, deu esse exemplo logo no Sermão da Montanha, ou seja, no início de Sua Missão. É do Evangelho segundo São Mateus: "... Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos." Mt 5,45

    Disse o mesmo falando sobre a característica pureza das crianças, visando protegê-las dos escândalos da devassidão dos adultos: "Assim é a vontade de Vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos." Mt 18,14

    E no Evangelho segundo São João, disse de Sua morte na Cruz: "E quando Eu for levantado da Terra, a Mim atrairei todos homens." Jo 12,32

    Está na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "De fato, Cristo morreu por todos..." 2 Cor 5,15a

    E a Carta de São Paulo aos Romanos vai repetir: "Aquele que não poupou Seu próprio Filho, mas que por todos nós O entregou, como com Ele também não nos dará todas coisas?" Rm 8,32

    Por fim, a Primeira Carta de São João afirma: "Ele (Cristo) é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo mundo." 1 Jo 2,2

sábado, 5 de abril de 2025

Mistérios

    A palavra 'mysterion', do grego, foi traduzida para o latim em duas palavras: sacramento e mistério. A Revelação, pois, é a expressão de Deus que nos dá a conhecer Seus mistérios. Eles são, portanto, visíveis sinais de Suas invisíveis manifestações, isto é, continuam mesmo sendo mistérios, o que é muito adequado, pois a realidade que vivemos se dá nesse limiar: do visível para o invisível. Na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo dizem do ministério de Moisés: "Foi pela que ele deixou Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança como estivesse vendo o invisível." Hb 11,27

    Nesse sentido, a Carta de São Paulo aos Efésios diz: "Lendo-me, podereis entender a compreensão que me foi concedida do Mistério de Cristo, que em outras gerações não foi manifestado aos homens da maneira como agora tem sido revelado pelo Espírito a Seus santos Apóstolos e profetas." Ef 3,4-5

    Enquanto Sacramentos, ministrá-los é a razão de ser da Santa Igreja Católica, e o primeiríssimo deles é o Santíssimo Sacramento. Jesus instituiu-o na noite em que iniciaria Sua Paixão, como o Evangelho segundo São Lucas narrou: "Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-O e deu-lhO, dizendo: 'Isto é Meu Corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de Mim.' Do mesmo modo tomou o cálice, depois de cear, dizendo: 'Este Cálice é a Nova Aliança em Meu Sangue, que é derramado por vós.'" Lc 22,19-20

    A Vida Eterna, pois, tem início no Batismo, que Jesus também expressamente ordenou, pouco antes de Sua Ascensão, no Evangelho segundo São Mateus: "Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." Mt 28,19

    Depois temos o Sacramento da Reconciliação, igualmente chamado de Sacramento do Arrependimento, da Penitência ou da Confissão, cuja autoridade para perdoar foi dada por Jesus exclusivamente a Sua Igreja. E note-se, tão importante é este Sacramento para a Salvação das almas que Ele tratou de instituí-lo logo em Sua primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos, no Evangelho segundo São João: "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos.'" Jo 20,22-23

    Em seguida vem a Sacramento da Crisma, ou seja, o Sacramento da Confirmação do Batismo, uma prática desde os primeiros dias da Igreja, claramente diferente do Batismo, e que só pode ser realizado pelos bispos, isto é, pelos sucessores dos Apóstolos, ou Sacerdotes por eles designados. É leitura do Livro de Atos dos Apóstolos: "Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas apenas tinham sido batizados em Nome do Senhor Jesus. Então os dois Apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo." At 8,14-17

    Ainda temos o Sacramento do Matrimônio, definitivamente indissolúvel a despeito da prática de muitas 'igrejas', que Jesus fez questão de mencioná-lo como inalienável parte do projeto de Deus, desde a Criação, pois citou o Livro de Gênesis: "Os fariseus vieram perguntar-Lhe para pô-Lo à prova: 'É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?' Respondeu-lhes Jesus: 'Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua mulher. E os dois formarão uma só carne (Gn 2,24)? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu.'" Mt 19,3-6

    E o Sacramento da Unção dos Enfermos, que em caso de pacientes terminais é chamada de Extrema Unção. Ele também foi ministrado pelos Apóstolos desde que Jesus os enviou pela primeira vez, como se lê no Evangelho segundo São Marcos: "Eles partiram e pregaram a penitência. Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e curavam-nos." Mc 6,12-13

    Por fim, temos o Sacramento da Ordem, enquanto serviço do mistério da Comunhão, que é um dom de Deus pela Salvação dos irmãos. Foi o que Jesus pediu a São Pedro a momentos de partirem para o Horto das Oliveiras, onde Ele começaria a agonizar: "... Eu roguei por ti, para que tua confiança não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma teus irmãos." Lc 22,32

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Metas Espirituais Propostas por Jesus

    Não resta dúvida de que Jesus elevou à excelência a espiritualidade dos que realmente professam em Deus. Para começar, durante a Santa Ceia, Nosso Salvador pediu que cultuássemos Seu Sacrifício, graças ao qual temos a remissão dos pecados e o Alimento da Vida Eterna. É do Evangelho segundo São Lucas: "Fazei isto em memória de Mim." Lc 22,19b

    Realmente falava de outra Vida, como disse após a multiplicação de pães e peixes, no Evangelho segundo São João: "Então Jesus lhes disse: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis a Vida em vós mesmos. Assim como o Pai, que Me enviou, vive, e Eu vivo pelo Pai, aquele que comer Minha Carne também viverá por Mim.'" Jo 6,53.57

    Pregava os mais profundos valores da Lei de Deus, como quando sentenciou líderes religiosos judeus em Jerusalém em Sua última Páscoa, no Evangelho segundo São Mateus: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os mais importantes preceitos da Lei: a justiça, a Misericórdia, a fidelidade." Mt 23,23a

    Emblematicamente, Ele questionou os religiosos judeus no Templo de Jerusalém: "Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros e não buscais a Glória que é só de Deus?" Jo 5,44

    Para nossa mais profunda reflexão sobre Suas Palavras, Ele revelou-Se Deus, essencial às nossas vidas, e exortou que mantivéssemos incondicional Comunhão com Ele. Foi na última noite entre os Apóstolos: "Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira. Assim também vós: tampouco podeis dar fruto se em Mim não permanecerdes." Jo 15,4

    Logo no Sermão da Montanha, Ele apontou falsos religiosos como exemplos a serem definitivamente ultrapassados: "Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus." Mt 5,20

    E como se viu, Suas metas são elevadas. Aliás, máximas: "Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai Celeste é perfeito." Mt 5,48

    Mostrou o estreito caminho a ser seguido, que por muitos é preterido: "Entrai pela estreita porta, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e são muitos que por ela entram!" Mt 7,13

    Ensinava aparentes absurdos desde o início de Sua Missão: "... amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos maldizem e rezai pelos que vos injuriam." Lc 6,27-28

    Acenava, desta forma, para uma vida terrena cheia de adversidades: "Se alguém quiser vir Comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me." Mt 16,24

    E lembrou a Divina Misericórdia, pregando comedimento no proceder para com o próximo: "Sede misericordiosos, como Vosso Pai é também misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e sê-vos-á dado." Lc 6,36-38

    Ele pediu perseverança na oração: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que sempre é necessário orar, sem jamais deixar de fazê-lo." Lc 18,1

    Pregou a caridade, que representará a própria Salvação do cristão, como disse na parábola das ovelhas e dos cabritos, analogia do Juízo Final: "Perguntá-Lhe-ão os justos: 'Senhor, quando foi que Te vimos com fome e Te demos de comer, com sede e Te demos de beber? Quando foi que Te vimos peregrino e Te acolhemos, nu e Te vestimos? Quando foi que Te vimos enfermo ou na prisão e fomos visitar-Te?' Responderá o Rei: 'Em Verdade, Eu declaro-vos: todas vezes que a um destes Meus pequeninos irmãos fizestes isto, foi a Mim mesmo que o fizestes." Mt 25,37-40

    Estabeleceu, enfim, a pureza e a inocência como modelo dos que ressuscitarão para a Vida Eterna: "Em Verdade, declaro-vos: se não vos transformardes e não vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será o maior no Reino dos Céus, e aquele que em Meu Nome recebe a um menino como este, é a Mim que recebe." Mt 18,3-6

quinta-feira, 3 de abril de 2025

A Ira

    No Sermão da Montanha, que o Evangelho segundo São Mateus apontou, Jesus vai ampliar a abrangência da Lei, ou seja, do Antigo Testamento, tratando de pormenores: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás, mas quem matar será castigado pelo Juízo do Tribunal.' Mas Eu digo-vos: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes." Mt 5,21-22a

    Pregava mesmo a resistência zero: "Tendes ouvido o que foi dito: 'Olho por olho, dente por dente.' Eu, porém, digo-vos: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.Mt 5,38-39

    Ele demonstrava, pois, ser muito mais exigente, condenando toda e qualquer palavra de ofensa que restasse sem arrependimento: "Aquele que disser a seu irmão: 'Idiota', será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: 'Louco', será condenado ao fogo da geena." Mt 5,22b

    Ora, Ele ensinou-nos a rezar no Pai Nosso, pedindo um perdão na proporção daquele que oferecemos: "... perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido." Mt 6,12

    A Carta de São Tiago, pois, afirma nossas imperfeições em comparação ao Divino Juízo: "Já o sabei, meus diletíssimos irmãos: todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para irar-se. Porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus." Tg 1,19-20

    De fato, desde o Livro de Deuteronômio que a justiça feita pelas próprias mãos já vinha sendo contestada por Deus: "... a Mim pertencem a vingança e as represálias..." Dt 32,35

    E o Livro de Salmos canta o exemplo do Pai: "O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência." Sl 102,8

    O Livro de Eclesiástico, por sua vez, apontava a estultice da ira: "Cólera e furor são ambos execráveis; o homem pecador alimenta-os em si mesmo." Eclo 27,33

    Já o Livro de Provérbios bem sabia que a divina justiça era melhor caminho que o ódio: "A vida está na vereda da justiça; o caminho do ódio, porém, conduz à morte." Pr 12,28

    Por isso, louvava o autocontrole: "Um sábio sabe conter sua cólera, e tem por honra passar por cima de uma ofensa." Pr 19,11

    Eis que a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo vai pedir: "Quero, pois, que os homens rezem em todo lugar, levantando limpas mãos, superando todo ódio e ressentimento." 1 Tm 2,8

    A Carta de São Paulo aos Efésios pede temperança e lembra nosso dever de não guardar rancor por nem um dia: "Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento." Ef 4,26

    E exorta: "Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas de vosso meio, bem como toda malícia. Antes, sede bondosos e compassivos uns com os outros. Perdoai-vos uns aos outros, como Deus também vos perdoou, em Cristo." Ef 4,31-32

    A Segunda Carta de São Pedro, falando da grave justiça de Deus, vai dizer: "Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por Ele achados sem mácula e irrepreensíveis na Paz." 2 Pd 3,14

    Ora, no Evangelho segundo São João, o próprio Jesus ofereceu Seu grande lenitivo: "Deixo-vos a Paz, dou-vos Minha Paz. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe vosso coração, nem se atemorize!" Jo 14,27

    Eis o que Ele anunciou, e também desde o Sermão da Montanha. Ou seja, desde o início de Sua Missão: "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra!" Mt 5,5

    E a Primeira Carta de São João cravou: "Quem não ama, permanece na morte. Quem odeia seu irmão, é assassino. E sabeis que a Vida Eterna não permanece em nenhum assassino." 1 Jo 3,14a-15

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Fé e Razão

 

    Em sua Encíclica e Razão, vemos que o amado Papa São João Paulo II bem atendia ao concurso da lógica na compreensão da Palavra de Deus, pois fielmente seguia a recomendação do Divino Mestre que evocou o Livro de Deuteronômio, quando posto à prova por um doutor da Lei no Evangelho segundo São Mateus. Ele recita, pois, o imprescindível "entendimento": "Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento (Dt 6,5).'" Mt 22,37

    Ou a esta recomendação da Primeira Carta de São Pedro, a quem sucedeu como Bispo de Roma: "Estai sempre prontos a responder, para vossa defesa, a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito." 1 Pd 3,15

    Nesta encíclica, ele menciona uma bela síntese da Missão do Messias, da Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II: "Cristo Senhor, 'na própria revelação do mistério do Pai e de Seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe sua sublime vocação' (Gaudium et spes), que é participar no mistério da trinitária vida de Deus." E oportunamente cita o Livro de Provérbios: "O Senhor é Quem dirige os passos do homem. Como poderá o homem compreender seu próprio destino?" Pr 20,24

    Também citou a Carta de São Paulo aos Efésios, para tratar da patente realidade que é a Divina Revelação: "Aprouve a Deus, em Sua bondade e Sabedoria, revelar-Se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da Sua vontade." Ef 1,9

    E completa: "Pela fé, o homem presta assentimento a este divino testemunho. Isto significa que plena e integralmente reconhece a Verdade de tudo que foi revelado, porque é o próprio Deus que o garante..."

    Porque a fé é a mais elevada capacidade humana: "No acreditar é que a pessoa realiza o mais significativo ato da sua existência..."

    Para que se chegue ao auto-conhecimento, então, ao qual a própria Revelação abre caminho, ele viu e resumiu o processo em três passos: "A primeira regra é ter em conta que o conhecimento do homem é um caminho que não permite descanso; a segunda nasce da consciência de que não se pode percorrer tal caminho com o orgulho de quem pensa que tudo seja fruto de conquista pessoal; a terceira regra funda-se no 'temor a Deus', de Quem a razão deve reconhecer tanto a soberana transcendência como o solícito amor no governo do mundo."

    Ora, falando sobre seu colaborador Epafras, a Carta de São Paulo aos Colossenses diz que a verdadeira só se alcança pela clareza de entendimento: "Ele não cessa de lutar por vós em suas orações, para que, numa perfeita e plena convicção, permaneçais plenamente submissos à divina vontade." Cl 4,12b

    Já a Carta de São Paulo aos Romanos fazia uma construtiva crítica que à passional religiosidade dos judeus, que seguiam renegando o Cristo: "Pois lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas um zelo sem discernimento." Rm 10,2

    Autêntico pastor, porque testemunha de Cristo, ele dizia sobre os cristãos da cidade de Laodiceia e todos aqueles que ainda não o conheciam pessoalmente: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de plenitude de inteligência para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, no Qual estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2-3

    Até advertia de esotéricas especulações: "Vede que ninguém vos engane com falsas e vãs filosofias, fundadas em humanas tradições, em elementos do mundo, e não em Cristo." Cl 2,8

    Afirmava que o bom entendimento se obtém pelo bem ouvir do autêntico Evangelho: "Logo, a provém da pregação, e a pregação exerce-se em razão da Palavra de Cristo." Rm 10,17

    Ora, a instantes de Sua Ascensão aos Céus, Jesus determinou a transmissão da Palavra a todas nações, mas, foi claro, em sua inteireza!: "Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi." Mt 28,20a

terça-feira, 1 de abril de 2025

A Vaidade

    A vaidade, o orgulho ou a soberba foi o verdadeiro pecado original, quando Eva e Adão acharam que, comendo o fruto da árvore da ciência, poderiam saber por si mesmos o que é certo e errado, desprezando os Mandamentos de Deus. O Livro de Gênesis narra: "'Oh, não!', respondeu a Serpente, 'Vós não morrereis! Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão. E sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.'" Gn 3,4-5

    Por isso, foi tão preciso o conselho, no Livro de Tobias, que ele recebe seu pai Tobit: "Nunca permitas que o orgulho domine teu espírito ou tuas palavras, porque ele é a origem de todo mal." Tb 4,14

    Ela, contudo, tem várias outras formas de expressão, como Deus falou no Livro do Profeta Jeremias: "Eis o que diz o Senhor: 'Não se envaideça o sábio do saber, nem o forte de sua força, e não se orgulhe o rico da riqueza!'" Jr 9,22

    O Livro de Eclesiástico, por usa vez, sugere sugere a humildade do silêncio como modo de despertar os corações: "Ouve em silêncio, e tua modéstia provocará a benevolência." Eclo 32,9

    E com absoluta clareza, via as trevas como destino do impenitente: "Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende." Eclo 3,30

    Ciente do perigo desse pecado, o Livro de Salmos pede a Deus: "Também preservai Vosso servo do orgulho. Não domine ele sobre mim, então serei íntegro e limpo de grave falta." Sl 18,14

    Por isso, o Livro do Profeta Isaías predisse contra toda jactância: "A pretensão dos mortais será humilhada, o orgulho dos homens será abatido." Is 2,17

    Ora, Jesus pregou a negação de si mesmo, convidando ao caminho da Cruz desde que foi identificado como Cristo por São Pedro. Está no Evangelho segundo São Mateus: "Se alguém quiser vir Comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me." Mt 16,24b

    Ele deixou esse ensinamento à Santa Igreja, no Evangelho segundo São Lucas: "Assim vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, também dizei: 'Somos inúteis servos. Apenas fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 17,10

    E referindo-Se à soberba disfarçada em forma de caridade, Nosso Salvador aconselhou a todos: "Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto a Vosso Pai que está no Céu." Mt 6,1

    Já a Carta de São Paulo aos Colossenses vê no apego a bens materiais a causa dessas ilusões: "Desencaminham-se estas pessoas em suas próprias visões, cheias do vão orgulho de seu materialista espírito..." Cl 2,18

    A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, em censura, fala do poder que o anúncio da Palavra de Deus lhe confere contra a arrogância: "Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-lo à obediência a Cristo." 2 Cor 10,5

    Conhecedor das verdadeiras bênçãos, pois, a Carta de São Paulo aos Romanos pedia: "Em virtude da Graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam de si próprios uma opinião maior que convém, mas um razoavelmente modesto conceito, de acordo com o grau de fé que Deus lhes distribuiu." Rm 12,3

    Na Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo, ele também se pronunciou sobre o exibicionismo feminino como vaidade, lembrando da autêntica religiosidade ao falar à comunidade cristã: "Do mesmo modo, quero que as mulheres usem honesto traje, ataviando-se com modéstia e sobriedade. Seus enfeites consistam não em primorosos penteados, ouro, pérolas, vestidos de luxo, e sim em boas obras, como convém a mulheres que professam a piedade." 1 Tm 2,9-10

    E revelou que a vaidade foi o pecado de Satanás: "... para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o Demônio." 1 Tm 3,6

segunda-feira, 31 de março de 2025

O Exorcismo

    Através do anúncio da Boa Nova e da Vinda do Espírito Santo, Jesus declarou o fim do império de Satanás, bem como a instauração de Seu Reino de Sacerdotes. É do Evangelho segundo São Mateus: "Apresentaram-Lhe, depois, um possesso cego e mudo. Jesus curou-o de tal modo que de pronto ele falava e via. 'Mas se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.'" Mt 12,22.28

    Ora, essa realmente era parte de Sua Missão, e desde quando deixou Cafarnaum, como o Evangelho segundo São Marcos aponta: "Ele retirou-Se dali, pregando em todas sinagogas e por toda Galileia, e expulsando os demônios." Mc 1,39

    Aliás, foi o que Ele fez logo nos primeiros dias de vida pública, quando Se instalou na casa de São Pedro: "Pela tarde, apresentaram-Lhe muitos possessos de demônios. Com uma Palavra, expulsou Ele os espíritos e curou todos enfermos." Mt 8,16

    Antes mesmo de começar a pregar, enquanto esteve no deserto, o próprio Jesus foi tentado, pois Satanás dominava os poderosos da Terra. O Evangelho segundo São Lucas narrou: "Em seguida, o Demônio levou-O a um alto monte e num só momento mostrou-Lhe todos reinos da Terra, e disse-Lhe: 'Dá-Te-ei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero.'" Lc 4,6

    E assim a Primeira Carta de São João resumiu Sua passagem entre nós: "Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8b

    De fato, como uma das formas de afligir, os demônios se apossam de seres humanos, como Nosso Salvador explicou, dizendo do grave pecado que cometiam aqueles que O conheceram mas não O acolheram: "Quando o impuro espírito sai de um homem, ei-lo errante por áridos lugares à procura de um repouso que não acha. Diz ele, então: 'Voltarei para a casa donde saí.' E, voltando, encontra-a vazia, limpa e enfeitada. Então vai buscar sete outros espíritos piores que ele, e entram nessa casa e aí se estabelecem. E o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro. Tal será a sorte desta perversa geração." Mt 12,43-45

    A Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo também falou da dominação que acontece àqueles que caem nos "... laços do Demônio, que a seus caprichos os mantém cativos e submetidos." 2 Tm 2,26b

    Ora, que nós enfrentamos poderosas classes de anjos caídos, é o alerta da Carta de São Paulo aos Efésios, citando duas delas: "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste tenebroso mundo, contra as forças espirituais do Mal espalhadas nos ares." Ef 6,10-12

    Já a Carta de São Paulo aos Colossenses mencionou a própria Vitória de Jesus, resgatando muitas almas do domínio de maus espíritos: "Espoliou os principados e potestades e expô-los ao ridículo, deles triunfando pela Cruz." Cl 2,15

    Mas na casa do centurião, onde o primeiro grupo de não judeus receberia o Divino Paráclito, no chamado 'Pentecostes dos Gentios', São Pedro tão somente falou em casos de opressão, uma genérica forma destes assédios. Está no Livro de Atos dos Apóstolos: "Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como Ele andou fazendo o bem e curando todos oprimidos do Demônio, porque Deus estava com Ele." At 10,38

    Nesse sentido, para bem cumprir Sua Missão, Jesus deu poder aos Apóstolos, fundamentos da Santa Igreja Católica: "Reunindo Jesus os Doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos demônios, e para curar enfermidades." Lc 9,1

    Ora, mesmo gente que viria a ser Santa havia-se tornado refém de maus espíritos: "Os Doze estavam com Ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de malignos espíritos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios..." Lc 8,2

    Aliás, um de Seus Apóstolos tornou-se vítima do próprio inimigo, como se viu noite da Santa Ceia, no Evangelho segundo São João: "Em seguida, Jesus molhou o pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele." Jo 13,26-27

domingo, 30 de março de 2025

A Comunhão

    O Corpo de Cristo, isto é, a Comunhão Eucarística, é o verdadeiro maná oferecido pelo Pai. No Evangelho segundo São João, referindo-Se ao maná (cf. Êx 16,14) que os israelitas comeram no deserto, Jesus apontou para Si e disse aos judeus em Cafarnaum, depois que multiplicou pães e peixes numa região desértica: "Este é o Pão que desceu do Céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste Pão viverá eternamente.'" Jo 6,58

    E assim Ele rezou ao Pai, na noite do início de Sua Paixão, derramando Sua Glória sobre os Apóstolos, porque a Santa Igreja.Católica é a prova de Sua passagem entre nós e do amor do Deus. É a Oração da Unidade, da comunhão da Igreja: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade, e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23

    Ora, Revelando-Se Deus nessa mesma ocasião, momentos antes Ele havia afirmado que essa Unidade com Ele, o que inclui o Pai e o Divino Espirito Santo, pela indivisibilidade da Trindade Santa, é imprescindível à efetiva vida espiritual: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto..." Jo 15,5a

    Sempre dizendo-Se essencial, Ele sentenciou: "... porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5b

    E pouco depois da Santa Ceia, Ele havia dito sobre o dia de Sua Ressurreição, afirmando a Comunhão dos Santos: "Naquele dia, conhecereis que estou em Meu Pai, vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,20

    A Primeira Carta de São João, de fato, diz que o anúncio do Evangelho tem como finalidade a comunhão, com Deus e com os irmãos na Igreja: "O que vimos e ouvimos, isso agora vos anunciamos para que estejais em comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo." 1 Jo 1,3

    Também disse que só o Espírito de Deus, que conduz a Santa Igreja (cf. Jo 16,13), pode levar-nos à verdadeira comunhão: "Quem observa Seus (Jesus) Mandamentos permanece em Deus, e Deus permanece nele. E que Ele permanece em nós, sabemos pelo Espírito que nos deu." 1 Jo 3,24

    E lembrando o purificador poder do Sangue de Cristo, ele pediu discernimento aos que participam da Santa Ceia: "Se dizemos que estamos em comunhão com Deus, e no entanto andamos em trevas, somos mentirosos e não praticamos a Verdade. Mas se caminhamos na Luz, como Ele está na Luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus, Seu Filho, purifica-nos de todo pecado." 1 Jo 1,6-7

    Pois a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios alerta, quem está em pecado grave, da necessária Confissão antes de comungar da Santa Eucaristia: "Portanto, todo aquele que indignamente comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba desse Cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe sua própria condenação. Esta é a razão porque entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos." 1 Cor 11,27-30

    Ferrenho defensor da Unidade, ele diz que os membros da Igreja, ao participar do Rito Eucarístico, entram em perfeita Comunhão com Cristo, quer dizer, vivem em verdadeira Unidade com Ele e tornam-se um só Corpo: "O Cálice de bênção, que benzemos, não é a Comunhão do Sangue de Cristo? E o Pão, que partimos, não é a Comunhão do Corpo de Cristo? E como há um único Pão, nós, embora muitos, somos um só Corpo, pois todos participamos desse único Pão." 1 Cor 10,16-17

    Com veemência, portanto, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios pedia que usássemos de discernimento, porque respeitar é diferente de participar: "Não vos atreleis ao mesmo jugo que os infiéis! Pois que afinidade poderia existir entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão entre a Luz e as trevas?" 2 Cor 6,14

    Enfim, mencionando a Graça Sacramental, enquanto Sacerdote da Igreja pedia o devido respeito a todos Sacramentos: "Na qualidade de colaboradores de Deus, exortamo-vos a que não recebais Sua Graça em vão." 2 Cor 6,1

sábado, 29 de março de 2025

O Antigo Testamento

    Foi Jesus mesmo Quem anunciou o fim da Antiga Aliança, apontando São João Batista como seu último marco, no Evangelho segundo São Lucas: "A Lei e os Profetas duraram até João." Lc 16,16

    Contudo, no Evangelho segundo São Mateus, Ele diz: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17

    Com constância, portanto, Ele vai invocá-la. Sobre os Mandamentos, cita o Livro de Deuteronômio e o Livro de Levítico: "'Mestre, qual é o maior Mandamento da Lei?' Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro Mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Nesses dois Mandamentos resumem-se toda a Lei e os Profetas.'" Mt 22,37-40

    Contudo, o próprio Jesus exortou a Santa Igreja a 'garimpar' o Antigo Testamento, dizendo de verdadeiros estudiosos entre os judeus: "Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos Céus é comparado a um pai de família, que de seu tesouro tira novas e velhas coisas." Mt 13,52

    Pois, desde o início, o Catolicismo preservou a importância do Antigo Testamento. Quando ouviram os relatos de sucesso da pregação de São PauloSão Tiago Menor, então bispo de Jerusalém, e os anciãos reafirmaram esse vínculo. É o que se lê no Livro de Atos dos Apóstolos: "Ouvindo isso, glorificaram a Deus e disseram a Paulo: 'Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus abraçaram a  sem abandonar seu zelo pela Lei.'" At 21,20

    A Segunda Carta de São Pedro, por sua vez, exalta as profecias pelo cumprimento da passagem de Cristo, que confirma os projetos de Deus: "Assim demos ainda maior crédito à Palavra dos Profetas, à qual bem fazeis em atender como a uma lâmpada que brilha em um tenebroso lugar, até que desponte o dia e a Estrela da Manhã Se levante em vossos corações." 2 Pd 1,19

    De fato, no Evangelho segundo São João, Jesus afirmou perante os líderes judeus de Jerusalém: "Vós perscrutais as Escrituras, nelas julgando encontrar a Vida Eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de Mim. Pois se crêsseis em Moisés, certamente creríeis em Mim, porque ele escreveu a Meu respeito. Mas se não acreditais em seus escritos, como acreditareis em Minhas Palavras?" Jo 5,39.46-47

    E seguindo a lógica do Príncipe dos Apóstolo em valorização do Antigo Testamento, a Carta de São Paulo aos Romanos argumenta: "Ou Deus só o é dos judeus? Também não o é Deus dos pagãos? Sim, Ele também o é dos pagãos. Porque não há mais que um só Deus, o Qual pela fé justificará os circuncisos e, também pela fé, os incircuncisos. Destruímos então a Lei pela fé? De modo algum. Pelo contrário, damos-lhe toda sua força." Rm 3,29-31

    O Apóstolo dos Gentios, pois, exulta com o feito da Vinda do Santo Paráclito, Terceira Pessoa de Deus, o Espírito do Novo Testamento: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne a fim de que a justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito." Rm 8,2-4

    Como o próprio Cristo, na Carta de São Paulo aos Gálatas, ele também se diz crucificado: "Na realidade, pela eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à Cruz de Cristo." Gl 2,19

    E assim ele garante a força da Graça: "O pecado já não vos dominará, porque agora não mais estais sob a Lei, e sim sob a Graça." Rm 6,14

    Ora, o Amado Discípulo atestou nas primeiras palavras de seu Evangelho: "Pois a Lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo." Jo 1,17

sexta-feira, 28 de março de 2025

O Mal do Dinheiro

    Falando sobre a sandice por bens materiais, Jesus, em Suas primeiras pregações no Evangelho segundo São Mateus, faz recordar o sentido de nossas vidas: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro." Mt 6,24

    E no Evangelho segundo São Lucas, logo advertiu àqueles que acreditam encontrar satisfação em bens materiais: "Mas ai de vós, ricos, porque tendes vossa consolação!" Lc 6,24

    Para desfazer uma tradição dos judeus, de ver em toda riqueza uma dádiva de Deus. Ele enfatizou o quanto os ricos dependem da Divina Misericórdia para salvar-se: "Eu repito-vos: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Reino de Deus." Mt 19,24

    Ora, Ele ensinava exatamente o inverso: "Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem as traças nem a ferrugem os consomem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está teu tesouro, lá também está teu coração." Mt 6,19-21

    É nesse fértil terreno do coração, justamente por seu evidente potencial para o bem, que Jesus mais lamenta a semente desperdiçada: "O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que bem ouviu a Palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas sufocam-na e tornam-na infrutuosa." Mt 13,22

    Pois contra qualquer impressão, Ele deixou claro que a vida humana depende tão somente da vontade de Deus: "Escrupulosamente guardai-vos de toda avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas." Lc 12,15

    Suas recomendações eram patentes: nesse mundo ferido por injustiças e ganância, as mundanas riquezas tornam-se verdadeiras desgraças se não usadas para diminuir o sofrimento: "Eu digo-vos: fazei amigos com a injusta riqueza, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos eternos tabernáculos." Lc 16,9

    Os verdadeiros Sacerdotes da Igreja, portanto, após a devida preparação, leia-se Sacramento da Ordenação, devem abandonar-se nas mãos da Divina Providência. Ele sentenciou: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui, não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33

    De fato, ao enviar os Apóstolos em primeira missão, Suas recomendações não haviam sido diferentes. Eles tinham que se entregar por completo nas mãos de Deus, como se lê no Evangelho segundo São Marcos: "Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão. Nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto..." Mc 6,8

    Como se podia imaginar, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo aponta a influência do Maligno por trás da conduta da ganância: "Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto. Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do Demônio e em muitos insensatos e nocivos desejos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição." 1 Tm 6,7-9

    E explica: "Porque a raiz de todos males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da  e se enredaram em muitas aflições." 1 Tm 6,10

    Por isso, dava essa diretriz de catequese: "Exorta os ricos deste mundo a não serem orgulhosos nem ponham sua esperança nas volúveis riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas coisas para delas fruirmos. Que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, comunicativos, ajuntem um sólido e excelente tesouro para seu futuro, a fim de conquistarem a verdadeira Vida." 1 Tm 6,17-19

    Quando concebeu do Espírito Santo, apesar de muito jovem, Maria Santíssima já sabia como Deus distribuía Suas Graças. Ele cantou no Magnificat, em casa de Santa Isabel, sua parenta: "Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos." Lc 1,53

quinta-feira, 27 de março de 2025

A Preguiça

    Tomando como referência o profícuo agir do Pai, sempre atento à obra da Salvação, Jesus sentencia, com palavras do Criador, aquele que não faz uso de seus talentos para a construção do Reino dos Céus, numa parábola que contou no Evangelho segundo São Mateus: "Mau e preguiçoso servo! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei." Mt 25,26

    E no Evangelho segundo São Lucas, Ele reclamou daqueles cujas consciências demoram em reconhecer a Verdade, como dois de Seus discípulos se portaram partindo para Emaús, no Domingo da Ressurreição, sem acreditar nos relatos daqueles que O tinham visto ressuscitado: "Jesus disse-lhes: 'Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo que anunciaram os Profetas!'" Lc 24,25

    Os seguidores da tradição de São Paulo, na Carta aos Hebreus, também farão duras críticas a essa postura de quase indiferença perante as coisas de Deus: "Teríamos muita coisa a dizer sobre isso, e coisas bem difíceis de explicar, dada vossa lentidão em compreender... A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestres! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da Palavra de Deus. E tornaste-vos tais que precisais de leite em vez de sólido alimento!" Hb 5,11-12

    Baseando-se no exemplo dos Santos, eles vão exortar: "Desejamos, apenas, que ponhais todo empenho em guardar intacta vossa esperança até o fim, e que, longe de tornardes negligentes, sejais imitadores daqueles que pela e paciência tornam-se herdeiros das promessas." Hb 6,11-12

    Eles lembram o exemplo do próprio Cristo"Atentamente considerai, pois, Aquele que tantas contrariedades sofreu dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo." Hb 12,1-3

    A Carta de São Tiago, conforme o próprio Jesus, falou da importância do testemunho através da forma de agir. Ele expressamente diz que devemos ser ativos cumpridores dos bíblicos preceitos, em específico os do Evangelho: "Mas aquele que com atenção procura meditar a perfeita Lei da liberdade e nela persevera, não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como fiel cumpridor do preceito, este será feliz em seu proceder." Tg 1,25

    E a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses mesmo diz: "Irmãos, em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo ordenamos: afastai-vos de todo irmão que vive sem nada fazer e não segue a Tradição que de nós recebeu. Vós sabeis como deveis imitar-nos: nós não ficamos ociosos quando estivemos entre vós, nem pedimos a ninguém o pão que comemos. Ao contrário, trabalhamos com fadiga e esforço, noite e dia, para não sermos pesados para nenhum de vós." 2 Ts 3,6-8

    Pois a Carta de São Paulo aos Gálatas lembra que o tempo é curto, o Juízo se aproxima e devemos servir à Igreja Católica, que é o principal instrumento de Deus para a Salvação: "Onde está agora aquele vosso entusiasmo? Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos homens, mas particularmente aos irmãos na fé." Gl 4,15a;6,9-10

    Falando sobre Jesus, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo afirma: "Antes é preciso que o lavrador trabalhe com afinco, se quer boa colheita. Se soubermos perseverar, com Ele reinaremos." 2 Tm 2,6.12

    Ora, o Livro de Provérbios diz da virtuosa mulher: "... procura lã e linho e trabalha com alegre mão. Levanta-se ainda de noite, distribui a comida à sua casa e a tarefa às suas servas. Estende os braços ao infeliz e abre a mão ao indigente. Ela não teme a neve em sua casa, porque toda sua família tem duplas vestes. Vigia o andamento de sua casa e não come o pão da ociosidade." Pr 31,13.15.20.21.27

    O Livro de Eclesiástico, por sua vez, denuncia os pecados que a preguiça traz: "... a ociosidade ensina muita malícia." Eclo 33,29

    E no Livro do Profeta Ezequiel, vale notar, Deus diz que os pecados de Sodoma não eram os escândalos sexuais. Estes eram consequências de outros graves erros, como Ele mesmo acusou Jerusalém: "Eis em quem consistia a iniquidade de tua irmã Sodoma: opulência, glutoneria, indolência, ociosidade..." Ez 16,49