domingo, 3 de agosto de 2025

O Cordeiro de Deus

    São João Batista, que segundo o próprio Jesus encerou os tempos da Lei e dos Profetas, ou seja, do Antigo Testamento (cf. Mt 11,13), foi quem O apresentou como o Cordeiro de Deus a seus seguidores, um dia depois de batizá-Lo. É leitura do Evangelho Segundo São João: "No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.'" Jo 1,29

    A simbologia do Cordeiro, no entanto, faz parte da tradição dos judeus desde o Livro de Gênesis, quando Deus poupou Abraão de sacrificar seu filho Isaque, apresentando-lhe um filhote de ovelha para ser oferecido em holocausto: "O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do Céu: 'Abraão! Abraão!' 'Eis-me aqui!' 'Não estendas tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu único filho.' Abraão, levantando os olhos, viu atrás dele um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos, e tomando-o, ofereceu-o em holocausto em lugar de seu filho." Gn 22,11-13

    Contudo, Deus não poupou os primogênitos dos egípcios, quando por meio de pragas tentava convencer o Faraó a libertar Seu povo da escravidão em Egito. Nessa ocasião, o sangue de cordeiro serviu de sinal para proteger o povo de Israel, e marcou o início do Sacrifício da PáscoaÉ do Livro de Êxodo: "Moisés convocou todos anciãos de Israel e disse-lhes: 'Ide e escolhei um cordeiro por família, e sacrificá-lo-ás para a Páscoa. Depois disso, tomareis um feixe de hissopo, ensopá-lo-eis no sangue que estiver na bacia e com esse sangue aspergireis a verga e as duas ombreiras da porta. Nenhum de vós transporá o limiar de sua casa até a manhã. Quando o Senhor passar para ferir Egito, vendo o sangue sobre a verga e as duas ombreiras da porta, passará adiante e não permitirá ao destruidor entrar em vossas casas para ferir-vos. Observareis esse costume como uma perpétua instituição para vós e vossos filhos."Êx 12,21-24

    Embora fossem os tempos da passagem pelo deserto, que durou 40 anos (cf. Js 14,10), haveria um especial lugar para esse sacrifício, que além da celebração da Páscoa servia para o perdão dos pecados. Era uma sinalização para o futuro Templo de Jerusalém, como Deus mesmo determinou a Moisés no Livro de Levítico: "O sacerdote que fez a purificação apresentará o homem que há de ser purificado e todas essas coisas ao Senhor, à entrada da Tenda de Reunião. Tomará, em seguida, um dos cordeiros e oferecê-lo-á em sacrifício de reparação com a medida de óleo, e agitá-los-á como oferta diante do Senhor." Lv 14,11-12

    Séculos depois, porém, no Livro do Profeta Oseias, que será mencionado por Jesus (cf. Mt 12,7), Deus começou a contestar os sacrifícios por terem-se tornado um mecânico ritual em meio à completa corrupção de Israel: "Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. Por isso é que Eu os castiguei pelos Profetas, matei-os pelas palavras de Minha boca, e Meu Juízo resplandece como o relâmpago, porque Eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos." Os 6,4-6

    E no Livro do Profeta Isaías, o próprio Messias foi prescrito como o Cordeiro Imolado: "Foi maltratado e resignou-se. Não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma muda ovelha nas mãos do tosquiador. Ele não abriu a boca. Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender Sua causa quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo? Foi-Lhe dada sepultura ao lado de facínoras, e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em Sua boca nunca tenha havido mentira." Is 53,7-9

    Comparando-os a cordeiros prontos para um holocausto, é nessa condição que Jesus envia Seus seguidores, dos quais muitos foram brutalmente martirizados. Está no Evangelho Segundo São Lucas: "Ide! Eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos." Lc 10,3

    Pois é tão somente no Céu, onde a noiva, a Jerusalém Celestial devidamente receberá Jesus, que Deus Pai quer oferecer-nos o Eterno Banquete. Foi o texto ditado para que se registrasse no Livro do Apocalipse de São João: "Felizes os convidados para a ceia das Núpcias do Cordeiro." Ap 19,9

sábado, 2 de agosto de 2025

A Salvação vem dos Judeus

    A Carta de São Paulo aos Romanos diz dos judeus, e assim de Nosso Salvador, afirmando Sua divindade: "Eles são os israelitas. A eles foram dadas a Adoção, a glória, as Alianças, a Lei, o culto, as promessas e os patriarcas. Deles descende Cristo, segundo a carne, o Qual é, sobre todas coisas, Deus bendito para sempre. Amém." Rm 9,4-5

    Diz de sua bendita herança: "... quanto à eleição eles são muito queridos por causa de seus pais. Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." Rm 28b-29

    E dividindo o mundo entre judeus e gregos, ele vê prioridade: "Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de Deus para a Salvação de todo aquele que crê, em primeiro lugar ao judeu, e depois ao grego." Rm 1,16

    Por isso, no Livro de Atos dos Apóstolos, São Pedro exigia dos judeus, seus irmãos, o testemunho de Cristo. Pregou no dia do Pentecostes: "Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou Seu Servo, para abençoar-vos, a fim de que cada um se aparte de sua iniquidade." At 3,26

    Ora, não resta dúvida que Deus entrou na História e conosco firmou Alianças, pois assim Ele vai identificar-Se a Jacó, no Livro de Gênesis, fazendo-lhe lembrar do que já tinha feito por seu avô, aqui chamado de pai, e por seu próprio pai, Isaque: "Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque..." Gn 28,13

    Tal privilégio, porém, de ser chamado de povo de Deus, estava sujeito a algumas condições. No Livro de Deuteronômio, Moisés já dizia: "O Senhor confirmá-te-á como um povo consagrado a Ele, como te jurou, contanto que observes Suas ordens e andes pelos Seus caminhos. Todos povos da terra verão, então, que és marcado com o Nome do Senhor..." Dt 28,9-10a

    Com efeito, o próprio Jesus asseverou que a Nova Aliança traria uma ruptura. Ele disse aos religiosos de Jerusalém poucos dias antes de ser crucificado, no Evangelho Segundo São Mateus: "Por isso, digo-vos: sê-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele." Mt 21,43

    Mesmo assim, referindo-Se à Revelação no Evangelho Segundo São João, Ele vai dizer à samaritana, que era um povo que se afastou dos israelitas, do Pai, de Sua história entre o povo judeu e de Si mesmo: "Vós adorais O que não conheceis. Nós adoramos O que conhecemos, porque a Salvação vem dos judeus." Jo 4,22

    E especificamente sobre Sua Missão, disse a uma estrangeira, que Lhe pedia por sua filha que estava possessa: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel." Mt 15,24

    Mas após Sua Ascensão, e com a Unção do Divino Espírito, a missão dos Apóstolos abrangeria o mundo inteiro, como Ele mesmo prescreveu: "... mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força. E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria e até os confins do mundo." At 1,8

    De fato, como as profecia ditavam, em Jesus a Salvação seria anunciada não somente aos judeus, mas por toda Terra. O Livro do Profeta Isaías registrou esse diálogo entre o Pai e o Filho: "E agora o Senhor fala. Ele, que Me formou desde Meu Nascimento para ser Seu Servo, para trazer-Lhe de volta Jacó e reunir-Lhe Israel: 'Não basta que sejas Meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel. De Ti vou fazer a Luz das nações, para propagar Minha Salvação até os confins do mundo.'" Is 49,6

    E a Segunda Carta de São Pedro, ao dirigir-se aos não-judeus, usará esses termos: "... àqueles que, pela justiça do Nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo, alcançaram uma tão preciosa quanto a nossa." 2 Pd 1,1b

    Contudo, ao Apóstolo dos Gentios foi revelado que os tempos dos não-judeus, ou seja, dos demais habitantes da Terra, para com a Santa Igreja Católica, também estão contados. Ele disse do total dos não-judeus que serão salvos: "... esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos não-judeus." Rm 11,25

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Inviolável Projeto de Deus

    Deus vai executar Seu projeto do Reino dos Céus a despeito de qualquer contrariedade. No Evangelho Segundo São João, mesmo apresentando-Se como mero ser humano, Jesus dizia: "Em Verdade, não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Ele mesmo prescreveu-Me o que devo dizer e o que devo ensinar. E sei que Seu Mandamento é Vida Eterna." Jo 12,49-50a

    É o que também vemos na parábola das Bodas do Filho do Rei, que Nosso Salvador contou no Evangelho Segundo São Mateus. Referindo-Se à rejeição dos judeus a Cristo, Deus Pai mesmo vai dizer: "'O festim está pronto, mas os convidados não foram dignos. Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quantos achardes.' Espalharam-se eles pelos caminhos e reuniram todos quantos acharam, maus e bons, de modo que a sala do Banquete ficou repleta de convidados." Mt 22,8b-10

    Lembrando a promessa de Deus da eterna felicidade, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios cita o Livro do Profeta Isaías: "É como está escrito: 'Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou' (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que O amam." 1 Cor 2,9

    Por isso, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios não se abalava com as constantes tribulações da vida cristã: "Sempre trazemos em nosso corpo os traços da Morte de Jesus, para que a Vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo. Embora estando vivos, a toda hora somos entregues à morte por causa de Jesus, para que a Vida de Jesus também apareça em nossa carne mortal." 2 Cor 4,10-11

    A Carta de São Paulo aos Romanos explica: "Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas vosso espírito vive pela justificação. Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida a vossos corpos mortais, por Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,10-11

    Ora, o Livro de Sabedoria já informava da imortalidade que por ela se alcança: "Ela mesma (Divina Sabedoria) vai à procura daqueles que dela são dignos. Ela aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência, e vai ao encontro deles em todos seus pensamentos, porque, verdadeiramente, desde o começo, seu desejo é instruir, e desejar instruir-se é amá-la. Mas amá-la é obedecer a suas leis, e obedecer a suas leis é a garantia da imortalidade. Ora, a imortalidade faz habitar junto a Deus, assim o desejo da Sabedoria conduz ao Reino!" Sb 6,16-20

    E Jesus veio oferecer a dádiva maior que é Seu Santo Espírito, Aquele que sacia toda sede de justiça e de Vida: "... quem beber da água que Eu der, jamais terá sede. E essa água que Eu darei, virá a ser nele fonte de Água Viva, que jorrará até a Vida Eterna." Jo 4,14

    Ou, pela Comunhão da Santíssima Trindade, essa dádiva vem do próprio Jesus, como Ele garantiu a Suas ovelhas, ou seja, àqueles que Lhe obedecem: "Minhas ovelhas ouvem Minha voz, Eu conheço-as e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a Vida Eterna. Elas jamais hão de perecer e ninguém as roubará de Minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai." Jo 10,27-29

    São Pedro, portanto, não vacilava! Mesmo quando muitos discípulos de Jesus O abandonavam, por estranhar Seu Corpo e Seu Sangue que Ele ofereceu como alimento que leva ao Céu, o Príncipe dos Apóstolos bem sabia onde encontrar a Salvação: "Senhor, a quem iríamos? Tu tens as palavras da Vida Eterna." Jo 6,68b

    E assim ela também está na atitude de quem sinceramente busca conhecer a Deus e a Jesus, como Ele mesmo rezou ao Pai: "Ora, a Vida Eterna é esta: que conheçam a Ti, Único e Verdadeiro Deus, e a Jesus Cristo, que enviaste." Jo 17,3

    Mais propriamente, ainda segundo Sua Palavra, está no Santíssimo Sacramento: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a Vida Eterna, que o Filho do Homem vos dará." Jo 6,27